Era apenas mais uma noite qualquer, um barzinho qualquer, com pessoas
comuns, com conversas decoradas e com papo fiado de quem muito fala e pouco
faz. Era apenas eu sentada na mesma mesa de sempre, com a mesma bebida de todos
os dias, com meus fones de ouvido e com a mesma invisível vontade de me
socializar. Era apenas o mesmo cara sentado na mesa do fundo, lendo um livro
velho e repetidamente voltando a mesma página, abaixando a cabeça e deixando
uma lágrima descer.
Era tudo do mesmo jeito que sempre foi, era tudo igual, normal, banal.
Era o mesmo dia em dias diferentes. Era exatamente o típico sábado à noite em
que você sai de casa com a esperança de algo diferente vai acontecer, mas
afirmando para si mesmo que coisas diferentes nunca eram para você.
Só que o padrão deixou de ser, quando um homem diferente de outros,
com outro corpo, sorriso e brilho entrou no mesmo bar de sempre. Foi diferente
por que esse homem ainda sem nome, entrou discreto, calado, fechado e sentou-se
na mesa diante da minha. Me encarando com um sorriso vergonhoso, mexendo no
cabelo e arqueando a sobrancelha querendo me desvendar. Foi diferente por que
eu não tive medo de encarar de volta e de olhar pra porta e me sentir sem
vontade nenhuma de me levantar e sair. Foi diferente por que diferente de todos
os outros que eu teimava cruzar o olhar, eu não queria ir, eu queria ficar.
Foi bem melhor, autêntico e cheio de cor, por que esse homem não
mandou ninguém dizer, ele mesmo veio e disse. Disse com gestos, que se não era
incômodo ele puxar a cadeira que sobrava na minha mesa para ele apenas, sentar.
Como quem não quer nada ele foi me mostrando que sabia falar de tudo, falar
muito, ele sabia se expressar. Me contou sobre suas coisas favoritas e suas
esquisitices, e eu mesmo sem perceber estava mais a vontade que de costume com
qualquer outro alguém e, fui me confessando também.
Foi diferente, por que eu nem perdi tempo olhando no relógio para
saber quanto tempo tinha que estávamos gastando nosso tempo um com o outro. Foi
bem mais gostoso por que eu nem tive tempo de achar estranho a forma como ele
mexia com a manga da blusa, num ato nervoso, ao me escutar dizer coisas que
ninguém nunca quis saber. Não sei se ele queria manter-se ligado a tal ponto de
não perder nem sequer as vírgulas contidas nas histórias que eu contei. Foi
diferente, foi melhor, intenso e com bem mais jeito de ser algo duradouro,
diferente de todas as outras histórias inventadas na minha cabeça que eu
protagonizei.
Foi diferente do Guilherme, do Pedro, do Felipe, do José e do Miguel.
Foi diferentes de todos os outros amores que eu vivi e não amei. Foi mais
especial do que os amores que eu amei e não vivi. Parecia que pela primeira
vez, eu fui sem roteiro, desgovernada e sem sede alguma de fazer dar certo. E
foi por isso que começou a ser, logo no momento em que eu pensei que não era
para ser.
Por que a vida é assim, o que era, nunca é mais. E o que é diferente
sempre pode ser de novo. Mesmo que com outro rosto, sorriso e coração. Você
sempre pode amar de novo e ficar à vontade em contar pro povo que você amoleceu
novamente aquele coração, que da última vez você disse que não deixaria
amolecer.
Por que com ele foi diferente. Eu senti
mesmo sem sentir, que era ele, aquele ser, que eu em algum momento da minha vida pensei:é o alguém certo pra mim.
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Fiquem com Deus e... até mais!

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