Mulher de pose desleixada e de bom
coração, o que tanto procuras em meio a essas páginas escritas e esse dia frio?
Deveria estar em casa aconchegada e quentinha mas prefere estar ao relento,
sentindo o vento frio bater em sua pele e se contorcer mais uma vez puxando o
leve tecido que usa para cobrir-se. O que tanto te incomoda na solidão que te
faz querer ficar perto de pessoas estranhas apenas, para não ficar sozinha? Tem
tanto aí dentro desse peito que quer - e prefere - ocultar o que tanto gritas em ti, com
murmúrios de outras pessoas que nem sempre dizem coisas doces? Se tem medo, tem
de que em específico?
Prefere deitar-se em seu braço em um
velho e sujo banco, ao invés de repousar seu cansaço por cima de um novo e
cheiroso lençol. Trocara o conforto e o bom perfume por um espaço em um lugar
público, simplesmente porque queria ver gente diferente daquelas pessoas que é
acostumada a ver todos os dias, sim, aquelas com as mesmas ideias e conselhos
fracassados de quem não conseguiu o bem fazendo o que tanto ditava ser certo.
És tão nova mas ao mesmo tempo tão cansada dos velhos conceitos de que se não
deu certo com esse grita o próximo da fila, que é nova demais para sofrer por
isso que chama de amor. O sentimento é dela, a escolha por qual nome chamar
também. Só queria que respeitassem a forma como ela amou sem se preocupar se
iria algum dia acabar, o jeito, que foi corajosa em amar na intensidade que
nenhum deles havia sido capaz. Nessa época, ela não tinha medo. Não havia o quê
pestanejar.
Vejo essa mulher diariamente sentada
nesse mesmo lugar, com esse mesmo livro e revirando as mesmas específicas
páginas, vivendo todos os dias as mesmas emoções, chorando sempre no mesmo
ponto da história e fielmente sorrir ao fechá-lo e pressioná-lo contra o peito,
como quem aconchega a cabeça de quem ama bem pertinho de onde fica o coração.
Não sei se ela guarda alguma lembrança que desperta tais tipos de reações ou se
apenas gosta de encontrar na história alheia um conforto para viver a sua.
Certo dia, após vir todos os dias ao mesmo
local, no mesmo horário decidi saciar minha curiosidade criando coragem de me
aproximar e perguntar o porquê era tão comum vê-la ali. Ela toda sorridente não
me mandou sair da sua frente e ir cuidar da minha vida como pensei que fosse
fazer. Pegou em minha mão e com muita verdade começou a dizer:
- Foi aqui que eu o conheci, foi aqui que
ele me pediu em namoro e foi aqui que ele prometeu me amar por além da vida e
me deu esse livro. E eu, fiz a mesma promessa e só estou a cumprir como quem
honra o que diz, e melhor, como quem ainda ama a pessoa a qual prometeu. Creio
que onde quer que ele esteja continua me amando com a mesma intensidade que eu
o amo.
- E já faz quanto tempo que ele partiu? –
questionei com a voz embargada e um pouco surpreso com o que acabara de ouvir.
- Já fazem alguns anos, mas ainda o sinto
aqui, presente e sorrindo pra mim. Deve achar loucura, mas não é. Sei que algum
dia devo encontrar alguém para dividir a vida mas isso não matará o amor que um dia senti por ele. Algumas pessoas
eternizam mesmo que com pouco tempo de convívio e continuam a existir mesmo
depois de não existirem mais. E você, se ama alguém, faça-a pessoa mais feliz
que puder no tempo que tiverem para viver.
Tal mulher, apenas revivia aquilo que
algum dia a marcara como uma tatuagem. Ainda passo pelo mesmo lugar e a vejo
sentada nesse velho e sujo banco, mas agora sabendo que algum dia vai chegar
alguém disposto a cuidar daquele coração tão puro para amar.
E eu que vinha ao mesmo lugar todos os
dias, no mesmo horário para lamentar o término e alimentar meu orgulho em pedir
desculpas, decidi naquele dia que sairia dali disposto a mudar essa atitude.
Ainda tenho o privilégio de ter meu amor comigo e não vou cometer a burrice de
perder o tempo que temos com besteira.
Mal sabia tal mulher, que me deixara uma
lição valiosa para vida quais palavras nunca vou esquecer:
“Temos todo o tempo do mundo para sermos
felizes, porém, será maior e mais intenso o tempo que gastaremos lamentando o
que não aconteceu.”
Querido ouvinte dessa história, deixarei
você com um questionamento: preferes viver ou lamentar?
Que sua escolha seja a primeira e que
viva da forma mais verdadeira e intensa que puder.
Deixem seus comentários.
Fiquem com Deus e até mais!

Que texto mais lindo, amei.
ResponderExcluirBeijoos. ❤
www.amordeluaazul.com.br
Oi Letícia!
ExcluirFico muito feliz que tenha gostado. Muito obrigada pela visita.
Beijos!
Texto muito lindo amei de verdade
ResponderExcluirObrigada.
ExcluirBeijos!